sexta-feira, 12 de julho de 2013

VOCÊ TEM COMICHÃO NO OUVIDO?

Este capítulo tem sido denominado o testamento do apóstolo Paulo. O apóstolo está transmitindo suas últimas palavras. Aconselha como um verdadeiro pai, seu filho na fé, Timóteo. Ao lermos os capítulos anteriores percebemos que Timóteo era tímido por natureza e que os tempos em que ele vivia e trabalhava eram desfavoráveis.

Imagine como Timóteo deve ter estremecido ao ler a solene exortação do apóstolo para continuar pregando a Palavra. A tentação de recuar diante de tal responsabilidade (1 Tm 4.1,2) bem que poderia acontecer. Por isso além de dar uma ordem, Paulo inclui incentivos. Pede que Timóteo olhe a três direções:primeiro para Jesus Cristo, o juiz e rei que retorna; em segundo lugar, ao cenário contemporâneo; e, em terceiro, a ele, Paulo, o idoso prisioneiro à beira do martírio.
O cenário contemporâneo –
Notemos a palavra “pois” com que se inicia esta parágrafo. Paulo fornece uma segunda base, sobre a qual apóia sua exortação. Antes da vinda de Cristo (vs 1), haverá dias negros e difíceis. Embora pareça estar prevendo que a situação piorará, é evidente, partindo do que ele havia escrito, que para Timóteo tal tempo já começara.
Como são esses tempos? Uma característica ele destaca é que as pessoas não podem suportar a verdade. Paulo expressa isso negativamente e positivamente, e declara isso duas vezes: “não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo suas próprias cobiças” (v. 3). E se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fabulas” (v. 4).  Em outras palavras, tais pessoas não podem suportar a verdade e recusam-se a ouvi-la, buscando, então, mestres que adaptem suas fantasias especulativas, nas quais estão determinados a andar.
Tudo isso tem a ver com os ouvidos daquelas pessoas, ouvidos que são mencionados duas vezes. Elas sofrem de uma condição patológica peculiar, conhecida como “coceira nos ouvidos”, ou “fome por novidades”. Tal expressão é uma figura de linguagem para aquele tipo de curiosidade que está ávido por saber casos picantes e interessantes. Além disso, esta coceira é abrandada pelas mensagens dos novos mestres. Na prática, o que tais pessoas fazem é fechar os ouvidos à verdade (cf. At 7.57)  e abri-los a qualquer mestre que alivie sua coceira, coçando-a.
Notemos que o que rejeitam é a “sã doutrina” (v.3) ou “a verdade” (v.4), e o que preferem são “as suas próprias cobiças” (v.3) ou “fábulas” (v.4). Desse modo, substituem a revelação divina por suas fantasias. O critério pelo qual julgam os mestres não é (como deveria ser) a Palavra de Deus, mas o seu próprio gosto subjetivo. Ainda mais, não ouvem primeiro para depois decidir se o que ouviram é verdade; primeiro decidem o que querem ouvir e depois escolhem mestres que são obrigados a manter o padrão por eles exigido.
Como o jovem Timóteo deve reagir a isto? Deveria ele ficar em silêncio? Se os homens não podem suportar a verdade e não querem ouvi-la, não seria mais prudente ele abandonar o ministério? Paulo, porém, chega a uma conclusão diferente, aqui ele usa pela terceira vez dois pequenos monossílabos“Tu, porém”. Ordena a Timóteo que seja diferente, não se deixando influenciar pela moda prevalecente.
Como Timóteo deve enfrentar estes tempos? Paulo dá  quatro ordens para seu filho na fé, a saber:
1)   Por serem pessoas instáveis de mente e conduta, Timóteo deverá acima de tudo ser “sóbrio”. A palavra nepho significa estar sóbrio e, figuradamente, “livre de qualquer forma de embriagues mental e espiritual” sendo, pois, “bem equilibrado, auto controlado”. Quando homens e mulheres se intoxicam com heresias inebriantes e novidades reluzentes, os ministros devem permanecer calmos e sensatos.
2) Mesmo que o povo não queira dar ouvidos ao seu bom ensino, Timóteo deve persistir em ensinar, predispondo-se a suportar aflições, por causa da verdade que ele se recusa a comprometer. Sempre que a fé bíblica se torna impopular, os ministros são altamente tentados a mudar aqueles elementos que promovem a maior ofensa.
3)   Timóteo deve fazer o “trabalho de um evangelista”, porque o povo é desgraçadamente ignorante a respeito do verdadeiro evangelho. Era como se Paulo estivesse ordenando a Timóteo: “Faze da pregação do evangelho a obra da tua vida”. O evangelho não deve somente ser preservado das distorções; ele deve ser propagado!
4) Mesmo que as pessoas abandonem o ministério de Timóteo em favor de mestres que lhes cocem as idéias fantasiosas, Timóteo deve cumprir o seu ministério. Este é o mesmo verbo que aparece na passagem onde Paulo e Barnabé cumpriam a obra de assistência em Jerusalém (At 12.35). Assim também Timóteo deve perseverar, até que sua tarefa esteja cumprida.
E você prezado leitor [a] tem algum comichão no ouvido?  Há muitos “comichões” espalhados em nossas igrejas: teologia da prosperidade, teologia da abertura (open theism), maldição hereditária, sessão do descarrego, rosas ungidas, e toda estas parafernálias que desviam o povo de conhecerem ao único e verdadeiro Deus.
Nele, que nos chama a andarmos na verdade, pois Ele é a Verdade, Sua Palavra é a Verdade, e o Espírito nos guia a toda verdade.

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